sexta-feira, 3 de junho de 2011

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ

    Perdi meu tempo a te procurar. Fiz todos os planos, pensei nos mínimos detalhes, me imaginei te encontrando, conversando contigo através do meu olhar.
    A vontade de te ver me deu coragem, acendeu o meu desejo de sair da indiferença costumeira e seguir em tua busca. Ousar, enfim. Na minha imaginação a tua presença me perseguia silenciosa e insistente. Eu sabia que, ao te encontrar, os teus olhos cor de mel iriam me falar desavergonhadamente, dizendo mais coisas do que eu seria capaz de compreender. Certamente, também me diriam: "que bom ter você aqui!".
    Pensando num encontro, preparei-me, cuidando dos mínimos detalhes: cobri-me de flores, perfumei os meus cabelos, na frente do espelho me vesti. Fiz poses para foto, um ensaio fotográfico sensual. De repente, uma alegria exagerada me inflamou. Senti percorrer pelo meu corpo uma energia inusitada, sutil e assombrosa a ponto de me causar escalafrios.
    A ansiedade não tinha limites. Estava estampada no meu rosto, no brilho do meu olhar, a ponto de ser percebida por aqueles que estavam ao meu redor. O que me movia poderosamente era a vontade de estar contigo envolvida num silêncio esclarecedor, e te sentir ainda que fosse de mentira..
    No meio de tanta gente, eu andava de um lado para o outro, impaciente, a te procurar. Queria te ver de qualquer jeito. Onde estavas? Como te encontrar? Com os pensamentos flutuando ao vento,  eu implorava por tua presença, te chamando em pensamentos. Minha voz, muda de afeto, implorava: "vem, aqui estou, quero te ver!". Alguma coisa, talvez um rasgo remanescente de esperança, me instigava a não desistir. Você viria, com certeza. Mas, quando?
    O tempo se arrastou vagarosamente sem acenar com alguma possibilidade de tua presença. Não me ouviste; por acaso estavas surdo? Havias te deixado levar por outros barulhos, talvez outras vozes mais atraentes. Que pena!, eu precisava somente de tua presença à distância para me iludir, nada além.
    Desolada, recolhi-me à costumeira solidão, sem o meu esperado presente. Com as mãos vazias e com a alma escancarada de inverno, olhei os lírios do campo e mais uma vez senti o desejo de ser feliz contigo

Nenhum comentário:

Postar um comentário