sábado, 18 de junho de 2011


                                      SOLIDÃO ACOMPANHADA




    O olhar perdido no horizonte... pensamentos flutuantes...sonhos a brilhar. O véu esvoaçante do luar escorrega  macio, cachoeira de luz desabrocha, derrama-se a encantar. A solidão, querendo me confundir, resmunga: "tudo ilusão!." Meu olhar diz que não. E, eu, longe de mim, deslumbrada, encantando-me, converso com as estrelas, conto -lhes segredos. Cúmplices, elas me dizem: "é preciso ser feliz!."
    Sobressalta-me novamente uma pergunta inquieta de resposta: não será mesmo apenas ilusão? Será?
    Não, não é..
    Ilusão é não se dar aos significados das história experimentadas. É mergulhar na imensidão de si mesmo e ofuscar o olhar de penumbra, por medo de buscar a luz. É não ter coragem de se entregar à beleza de se perder, e perdendo-se se encontrar. É insistir em trancar a alma e deixá-la prisioneira nos cárceres da insensibilidade, dos  medos e das apreensões desnecessários. Ilusão é pensar que existe amanhã para nos permitir degustar o que o desejo nos aponta. É ser indiferente ao belo e a tudo que faz diferença  construtiva na vida que escolhemos viver.
    Meu olhar, nesse momento de lucidez, procura. Encontra na procura uma falta. Olhar acompanhado de ausência preenchida de significados singulares, que me faz sorrir sem motivos. Presença afetuosa do ausente companheiro. Dói a falta, reclamam meus sentidos. Entretanto é dor com carícia aveludada e cheiro de cumplicidade. Some-se a isso o acariciar do vento que beija os meus cabelos e o brilho atraente da lua. Um espetáculo inesquecível se impõe ao meu coração expectador de alegrias. E a vida corre mansa, doce, com desafios  ousados, voos cada vez mais altos e portos onde aterrizar. Agasalhada estou  nos braços da ausência que não sai da minha imaginação e que carrego comigo, para onde quer que eu vá, do lado esquerdo do meu peito.

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